ATRACA-TRECO 2023
São evidentes os problemas causados historicamente pela produção de lixo no país e no planeta. Construir uma sociedade pautada na sustentabilidade se faz urgente. Deste modo, repensar nosso consumo tem como finalidade preservar a saúde humana e ambiental. Lixo é uma condição de contexto, seu valor e utilidade quando reconstituídos, agregam valor econômico com valor social, em oposição direta aos seus tradicionais sentidos pejorativos.
ARQUI-TRECO é uma exposição composta por artistas convidados pelo Coletivo Atraca-Treco.
A ideia da exposição é fundamentalmente inspirar, provocar questões que combinem críticas a nossa forma de lidar com o meio ambiente, sempre acompanhadas de criatividade, que possibilitem soluções, além de geração de renda. Está fiel às propostas do ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, praticadas pela ONU, uma intenção de melhora coletiva da qual a gente quer fazer parte através de atitudes proativas locais.
O Atraca-treco é fruto da OFICINA DE REAPROVEITAMENTO CRIATIVO, realizada semanalmente no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, há mais de 10 anos. A orientação cabe à Jac Carrara, artista e designer especializada no assunto reaproveitamento criativo. O propósito do Coletivo Atraca-Treco é o reaproveitamento de peças em desuso para transformação em ReObjetos, artísticos, utilitários ou lúdicos; mostrar múltiplas técnicas de baixa tecnologia e dialogar na contemporaneidade.
Somando-se à exposição ARQUI-TRECO, convidamos a COOPCARMO – Cooperativa de Trabalho e Coleta Seletiva de Mesquita, formada predominantemente por mulheres, que há 30 anos estão organizadas para fazer a coleta seletiva do lixo da região. Neste momento está em desenvolvimento a busca do reaproveitamento de materiais, indo além da coleta seletiva, em uma aprendizagem descentralizada, expandida e transversal, coordenada por Fabiana Oliveira, com apoio de Jac Carrara, Celso Honório e a parceria dos integrantes do Coletivo Atraca-Treco. Esta ação transformadora faz da COOPCARMO um lugar de pesquisa e inovação. O grupo, coordenado por todos estes anos por Hada Rúbia Silva, teve aprovado pela Petrobrás seu projeto “As Carolinas de Jacutinga”, que se propõe arte-educação, educação ambiental, implantação de uma oficina de papel reciclado a partir de guimba de cigarro processada, entre outros.
A exposição ARQUI-TRECO convidou também Mario Ferrer e seu filho Marcus Ferrer.
Mario, arquiteto, tem uma produção diversificada em arquitetura, artes plásticas, design com mais de 800 peças, feitas exclusivamente com material reaproveitado. Deste acervo fazem parte 53 instrumentos musicais de percussão, logotipos, quadros, mobiliário urbano e um manual sobre arquitetura das internações hospitalares. Marcus, compositor, instrumentista e artista sonoro, é Professor do Programa de Pós-graduação Profissional em Música da UFRJ. Coordenador do projeto Cordal onde desenvolve pesquisa e criação de esculturas sonoras com cordas.
Nossos encontros foram nos dois polos criativos: no ateliê Ferrer, na Urca, obra arquitetônica de Mario, e no Centro de Artes Calouste Gulbenkian. Foram 4 visitações bastante significativas com direito a bate papo, contextualização de obras e palinhas musicais em cada instrumento.
Marisa Davidovich apresenta detalhes da natureza com "Texturas", imagens e colagens digitais, em sala individual.
Visamos produzir uma exposição que para além de obras reveladas numa sala, possam fazer nascer um entusiasmo criador em cada visitante.
Por este motivo propomos a realização desta exposição, para atender e compartilhar com a comunidade, uma produção com acervo, obras recentes e diversas em temas, linguagens e suportes que habitam nosso imaginário.
Celso Honório, curador;
Jac Carrara, organizadora e
Miriam Langenbach, colaboração
2023
Fotos Sil Azevedo
Visita ao atelier de Mario Ferrer e seu filho Marcus Ferrer.