ISSO (Impressão Sua Sobre a Obra)
Em ISSO, Zito apresenta esculturas abstratas como territórios sensíveis de encontro. Inspirado no conceito de “obra aberta”, de Umberto Eco, o artista rompe com a ideia de sentido fixo e convida o público a experimentar, interpretar e completar a obra com sua própria percepção. Cada forma, cada curva, cada ausência de explicação é um convite à presença e à escuta do olhar alheio.
Mais do que objetos, suas esculturas são manifestações de uma trajetória marcada pela entrega ao sensível, ao improviso e à liberdade criativa. O próprio artista reconhece a ausência de intencionalidade rígida em seu processo, dizendo:
> “Às vezes me foge a lógica, se é que a tive antes. Vale muito estar cercado de pessoas que possibilitam produzir com liberdade e, assim, dar sentido à existência (...). Minha obra não tem intencionalidade, não tem objetividade, não tem um conteúdo previamente expresso. É preciso que seja vista, avaliada e conceituada.”
Essa ausência de direção programada é, na verdade, o eixo poético da obra. É no não-dito, no não-explicado, que reside a força do trabalho de José Serpa Filho. Suas esculturas são lampejos da experiência — surgem de estados afetivos, de relações, de memórias e desejos que não cabem em palavras. São gestos de partilha, onde a matéria moldada se oferece ao outro como espelho fragmentado, esperando ser refeito no olhar do visitante.
Obra aberta, aqui, não é apenas conceito teórico, mas modo de estar no mundo. Um modo generoso, íntimo, por vezes contraditório, mas sempre atento à possibilidade de que o sentido – se houver – nascerá do encontro.
Zito
José Serpa Filho