O artista e a obra.
O processo artístico envolve uma abstração e uma concretude. O que denomino aqui de abstração e concretude é um movimento que envolve a criação espiritual e sua manifestação material, processo no qual ocorre a configuração da forma em três dimensões, abrigando a figuração em uma unidade indivisível. Este processo é eivado de fortes emoções – pulsões de vida e de morte – emoções, sensações e sentimentos que vão da euforia a melancolia, de prazeres que vão do nível cem da alegria ao nível zero da quietude. Estes sentimentos humanos do artista e sua obra ocorrem numa duração de tempo muito singular no que tange o aparecimento de um ente que até então não estava presente no mundo real. Atribuo a essa experiência a uma manifestação do afeto, que está inscrita no inconsciente do artista como uma ferida aberta que busca cicatrização, que necessita, guardada as devidas proporções, expressar a sua pulsão de vida semelhante as necessidades fisiológicas básicas de sobrevivência. O sentido da obra encontra sua completude na fruição do expectador, um desejo semiconsciente do artista que almeja comunicar-se com a psiquê da sociabilidade humana de sua época.
O sujeito e seu corpo são indissociáveis, os afeto e os desejo materializam-se nas raízes e nas nuvens de sua subjetividade e o ente que aparece no mundo real está em movimento.