Essa escultura nasceu de uma busca. Não por uma forma exata, mas por um movimento interior que pedisse passagem. Algo que, mais do que ser visto, pudesse ser sentido com o corpo inteiro — como um sopro, um impulso, uma direção.
Modelar foi como seguir um rastro invisível. A argila, com sua docilidade, me ofereceu caminhos. As linhas surgiram livres, contínuas, como se a matéria quisesse dançar. E eu apenas acompanhei, permitindo que o gesto conduzisse a forma.
A transformação para o cimento trouxe outro tempo, outra escuta. Se a argila se deixava guiar com leveza, o cimento exigia firmeza. Ele fixou o que antes era fluido, dando permanência ao efêmero.
Essa peça é um vestígio do que me atravessa. Um fragmento dessa procura que, mesmo sem destino certo, encontra sentido no ato de fazer. É ali, entre o impulso e o repouso, que o movimento permanece.